Se você…
Se acha mais importante que o seu cliente.
Tem uma opinião formada sobre tudo.
Não consegue ser a metamorfose ambulante cantada por Raul Seixas.
Consegue olhar bem o outro, mas seu olhar é sempre crítico.
Acredita que tempo é dinheiro.
Acha que tem um estilo.
Acha que parece autoajuda a frase “olhar pelo buraco da fechadura da alma das pessoas”.
Não se interessa nem um pouco por uma relação aprofundada.
Acha que atos falhos não existem, nem mesmo Freud.
Não tem o menor interesse pela vida dos outros.
Não consegue sentir empatia.
Marcou muitas frases? Colocou um sim em várias perguntas?
Só posso dizer uma coisa: é bom desistir de ser ghost writer. Você pode até escrever muito bem, não duvido, pode saber entrevistar maravilhosamente, mas vai lhe faltar o essencial desta tarefa, que é conseguir ser o outro. Com respeito, admiração e sem censura.
Busque outro caminho na literatura. E seja feliz!
Os ghost writers estão se tornando os mais populares autores do nosso tempo.
Não sou eu que digo isso, mas Harriet Dennys, no The Bookseller Magazine, 2013.
Ghostwriting é uma das melhores maneiras de atingir um grande e importante público. E mais, você é pago para isso – geralmente bem – para escrever sobre uma série de assuntos que você nem tinha pensado antes, nem mesmo se interessado.
Também não sou eu. US News, em 2009, considerou a carreira de ghost writer a melhor do ano.
Nos Estados Unidos ser ghost é cool.
Na Inglaterra, os ghosts são astros.
No Brasil a cada dia cresce a procura por profissionais capazes de transformar a vida dos outros em memórias vivas.
É um mercado de trabalho pouquíssimo explorado em busca de jornalistas, profissionais da área de livros, estudantes de jornalismo, de ciências sociais, letras e todos os outros interessados na área editorial.
Dá uma olhada na livraria e veja quantas biografias você encontra nas principais prateleiras.
E lembre-se de Keith!
Afirmo e assino embaixo: 90% são escritos por ghosts.
Os restantes 10% são autobiografias de escritores e de pessoas verdadeiramente habilidosas com as palavras e que têm tempo de sobra.
Esta é a pergunta que não quer calar.
E todos querem saber a resposta.
Eu sou veterana na profissão, tenho muitos livros publicados, minha expertise é grande e posso dizer que ganho à altura do trabalho que tenho.
E da qualidade do que ofereço aos meus clientes.
Não vou mentir, às vezes os clientes se assustam.
Talvez porque existam pessoas que fazem por dois tostões.
Tenha certeza: quem paga duas merrecas recebe um livro merreca.
Se eu pudesse dar dicas de antemão para futuros clientes, sem dúvida, seriam estas:
Apesar do clichê, porém útil, faço minhas as palavras de Clifford Thurlow, um dos mais famosos ghost writer ingleses: “nem sempre a gente escolhe ser um ghost, acontece”.
Jornalista, escritor, um dia ele foi convidado por uma atriz para escrever a “autobiografia” dela.
Estranhou, aceitou e adorou.
E deu esta entrevista muitos anos depois, que pode ser lida na íntegra aqui
Comigo não foi diferente, e se quiser saber, leia em em BIOGRAFIA COMPLETA
De fato, ninguém entra na faculdade e pensa: vou ser um ghost writer.
Quem sabe, devia.
E para facilitar a vida dos novatos, dou umas dicas:
Boa Sorte!